quinta-feira, 2 de abril de 2009

confissões - 02:09

Apetece-me escrever, visto que sei que é a única forma de me libertar. É a única forma de deitar para fora os demónios, os fantasmas que me assombram a alma desde o amanhecer até ao entardecer. Sempre fui assim, cheia de pequenas sombras que me foram cobrindo o ser. Não sei se para me proteger, se por receio de me entregar ao mundo, se por não querer que me conheçam. De certa forma, acabei por ao longo destes meus anos de vida, criar defesas para assim poder manter-me firme e imune a qualquer impulso. Por vezes, gosto de me sentar na varanda e olhar o céu. Traz-me uma tranquilidade descomunal e a profundidade deste, dá-me a conhecer respostas que desconhecia anteriormente. E ficam assim mais ao descoberto as dúvidas, os porquês, as desconfianças. Fica tudo claro apesar da escuridão da noite. Eu adoro a noite. Gosto de madrugar e pensar no passado. Gosto de me torturar a pensar nas vezes que me empurraram do meu trampolim. Adoro pensar em todas as palavras que foram ditas, em todos os gestos, movimentos, falas, olhares, toques, despedidas ou idas sem volta. Lembro-me todas as noites do rosto húmido que me acompanhou ao longo da minha solidão. E as vezes que desejei que tudo tivesse sido um pesadelo? As vezes que desejei acordar e nunca ninguém o fez por mim...
Sempre lutei muito sozinha. Aprendi a sobreviver sem a mão amiga de alguém que estivesse pronto para ajudar. As pessoas estão cada vez mais egoístas e não se estão para chatear. Nunca perdi qualquer batalha, nem estou disposta a perder! Por muitos que sejam os obstáculos que dia-a-dia se atravessam na minha vida, não desisto de ser quem sou e de lutar por aquilo que sinto e desejo. Só que às vezes não me conheço. Começo por sismar comigo própria e penso « Quem és? » ao que o silêncio responde por si. Sou tão estranha. Já não consigo chegar a uma folha de papel e escrever tudo o que sou, o que sinto e o que quero. Acabo por guardar tudo fechado a sete chaves bem no profundo da minha essência! Já não sei se estou bem... se estou mal. Se estou feliz... se quero estar mais! A vida foi-me balançando ao sabor do vento e, quando este soprava mais forte, as laranjas que trazia comigo foram caindo. Fui-me desconhecendo ao longo do tempo. Escondi tanto do mundo, que acabei também por esconder de mim. Quem és Camila? Sou uma sombra.

1 comentário:

  1. «E as vezes que desejei que tudo tivesse sido um pesadelo? As vezes que desejei acordar e nunca ninguém o fez por mim...
    Sempre lutei muito sozinha. Aprendi a sobreviver sem a mão amiga de alguém que estivesse pronto para ajudar. As pessoas estão cada vez mais egoístas e não se estão para chatear. Nunca perdi qualquer batalha, nem estou disposta a perder! Por muitos que sejam os obstáculos que dia-a-dia se atravessam na minha vida, não desisto de ser quem sou e de lutar por aquilo que sinto e desejo. Só que às vezes não me conheço.»

    senti-me no teu texto ;$

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