sábado, 30 de maio de 2009

As tuas ruelas

Há qualquer coisa em ti que não tem explicação. Não, não é o cabelo, ou a cor dos teus olhos. Nem o sorriso, ou as tuas mãos. És tu. Tu e toda a tua complexidade que preenche as ruelas, tuas pertenças. Ruelas, ruas, avenidas. Todas anunciando um único caminho, capaz de me levar a inúmeros destinos. Sinto-me como uma criança perdida numa loja de doces, quando invado as tuas ruelas. Sem saber exactamente o que procuro, entro desesperada em todas as tascas, cafés e restaurantes. Deixo bilhetes em todas as mesas em que me sento. Tudo me faz lembrar o teu mundo e é nestes momentos que sei que o meu coração não se enganou, quando se deixou encantar com a tua alma. Os quadros, os mosaicos do chão, os troféus e medalhas, as folhas soltas e entregues ao vento. Tudo tão simples e misterioso. Tudo tão característico. Tudo como tu. Pergunto ao senhor por detrás do balcão se conhece os traços que se unem, formando a tua silhueta interior. Se conhece o que em ti é mais valioso, precioso e inatingível. Enquanto me oferece um maravilhoso chá de camomila, vai entrelaçando os seus pesados dedos - predispostos ao avanço do tempo - por entre os meus cabelos bordados a ouro. Em tom de desalento abana a cabeça e só alimenta, cada vez mais, a minha inocente esperança de um dia te conseguir encontrar, mesmo ao virar da esquina, de uma das tuas ruelas. Se esse dia chegará? Se te encontrarei? Não me irei cansar de lutar, isto se lutar significar esperar.

2 comentários:

  1. Também tenho as minhas duvidas, mas tive de acreditar enquanto escrevi aquilo xD
    Já tu és encatadora a escrever textos tão belos.

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  2. É por isto que eu gosto de ti...

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