segunda-feira, 1 de junho de 2009

Meu Sol

Acordo todos os dias com os pés orientados para nascente, persianas subidas, cortinados ao relento. Vou-me embalando, juntamente com os lençóis, num maravilhoso rodopio de beijos e cumplicidade, ao sabor da minha própria canção. Os raios de Sol, sem dó nem piedade, vão, um por um, conquistando a escuridão do meu quarto. Primeiro, envergonhados e embaraçados, limitam-se a rastejar discretamente pelo chão de madeira clara, calmos e serenos como as ondas de um horizonte. Do chão, entrelaçam-se aos meus pés depois, aprisionam-se aos meus joelhos e fazem uma breve pausa. Após um harmonioso suspiro continuam a descoberta, girando pelos contornos do meu corpo. Atravessam a minha barriga, agora impacientes e desajeitados, quebrando a harmonia que se instalou. Em poucos segundos, sinto um intenso aperto no meu peito e o calor transportado pelos raios de Sol, acende a chama olímpica situada no interior do meu corpo. Neste momento, sei que chegaste, sem atrasos ou porquês. Apenas esboço um sorriso ligeiro, quase despercebido e espero pelo fim do percurso. Tocas-me nos lábios suavemente e deixas-te cair por cima do meu corpo, unindo as silhuetas, fazendo de nós uma única sombra. Agora que te deitaste a meu lado, a noite dissipa-se no fundo do céu e eu apaixono-me por ti, meu Sol, tal como em todos os outros dias.

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