quinta-feira, 3 de março de 2011


Sei bem o que é sentir o que te está a acontecer neste momento. As pernas a tremer, o medo do reencontro, o nervosismo miudinho e os nós na garganta. Sentes que não queres e pensas que tens que o fazer. Avanças, cuidadosamente, passo a passo, e quando o vês saltas-lhe para os braços, enquanto todos os teus receios e preocupações se afundam nesse teu oceano mais profundo que o Pacífico e mais reservado que o Ártico. Depois voltas num ápice, dizes-me que correu tudo bem, que estás feliz tal como ele, e eu fico igualmente feliz.


Não sei se algum dia já te disse, mas tu és como um irmão mais novo para mim que eu sinto uma necessidade enorme de proteger. Sim, eu posso-te dar muito na cabeça e "apertar" contigo, mas acredita que gosto muito de ti e só quero mesmo que faças o que é melhor para ti.

Identifico-me bastante contigo porque ambos compreendemos, não nos compreendemos e não somos compreendidos. Não nos inserimos na actual sociedade, embora façamos um esforço para mostrar que sim, cometemos erros estúpidos, deixamo-nos levar pelas correntes que singram, hoje em dia, apesar de irem contra os nossos ideais. Ambos já fomos deixados (não gosto de dizer abandonados) por pessoas que podiam ter tido uma influência maior na nossa vida, mas que escolheram outros caminhos para a sua. Ambos gostamos de sentir a solidão da noite e de deixar a razão vencer o coração. Enfim, acabamos por ser mártires de nós próprios e nunca admitimos aquilo que realmente sentimos. Talvez tenhamos medo da novidade ou de não sermos correspondidos da forma que desejávamos ser.


Eu acho-te um génio e tenho um enorme desgosto porque não aproveitas as capacidades que tens. Tenho a certeza que se te esforçasses minimamente, terias a oportunidade de chegar onde quisesses! Só que ainda te prendes nesses caminhos com os quais não concordo minimamente e tu sabes bem disso.


Desde o dia em que me disseste "as pessoas mais interessantes que já conheci são aquelas que não sabem o que fazer da vida deles, mas que vão apenas atrás da felicidade", que esta frase não me sai da cabeça. E não imaginas a tamanha razão que tens; Pensas e reflectes sobre coisas que nenhum adolescente com 16 anos seria capaz de sequer idealizar e é à custa desses pensamentos que nos debatemos, coisa que tanto gosto de fazer. Gosto de me confrontar contigo e de defender ideias que, à primeira vista parecem opostas, mas que acabam por se intersectar num único ponto. E acabamos os dois por ter razão.


Contudo, sei que o facto de nos darmos tão bem tem a ver com a possibilidade de ficarmos a conhecer um pouco mais de nós próprios, se nos dermos a conhecer um ao outro. E é esta perfeita harmonia entre o outro e o eu, que torna a nossa amizade tão forte e tão difícil de esquecer. Sei que a distância que nos separa é considerável e que nem costumamos falar todos os dias. Mas quando retomamos a conversa, é como se nos tivessemos mantido em contacto durante esse tempo todo, porque eu sei de ti e tu de mim. E isto, é algo um pouco difícil de encontrar.

Pronto, acho que já disse tudo. Não sei, hoje apeteceu-me abrir o coração para dizer aquilo que acho de ti e a importância que dou a esta amizade, como a de dois irmãos.

p.s.: Tenho pena que durante os 12 anos que vivi nessa terra só me tenha cruzado contigo e nunca te tenha, realmente, encontrado.

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